segunda-feira, 27 de abril de 2009

Adeus Otto









Tudo que envolve o fotógrafo brasileiro Otto Stupakoff ganhou um ar mítico, a começar pelo sobrenome de agente da KGB, herdado do avô russo, antigo dono de uma cervejaria no sul do Brasil. Contrariando os negócios familiares, Otto foi estudar fotografia em Los Angeles, nos anos 50, quando ficou amigo de Carmen Miranda. Voltou, nos anos 60, ao Brasil no tempo em que as propagandas eram feitas com ilustrações de nanquim e, junto com Livio Rangan (então diretor de propaganda da Rhodia), criaram a fotografia de moda gráfica e publicitária, com os clássicos anúncios e desfiles da Rhodia. Otto consolidou uma carreira como o principal fotógrafo de moda e publicidade no Brasil à época - seu estúdio, com nove funcionários, funcionava na região central de São Paulo. Fotografou a construção de Brasília, freqüentou as rodas dos mentores cariocas da bossa nova, fez inúmeros ensaios, editoriais e peças publicitárias; casou, teve filhos. Mas isso era pouco. Otto queria o mundo e, em meados dos anos 60, foi para Nova York com mil dólares no bolso e duas Leicas. Havia queimado seu acervo gigante, salvando apenas umas 30 fotos que viraram seu portfólio. Em terra estrangeira, Stupakoff batalhou até cavar seu lugar entre os principais fotógrafos do seu tempo. Dividiu várias páginas de revista com Richard Avedon, Diane Arbus, Helmut Newton e Irving Penn. Era figura constante nos créditos das principais revistas de moda do mundo, Harper’s Bazaar, Vogue, Elle, Marie Claire. Voltou ao Brasil no fim dos anos 70, mas pouco ficou, pois os editores daqui se sentiam intimidados com toda sua potência, e retornou ao estrangeiro. Foi quando ele amargou um longo ostracismo fotográfico, devido a problemas pessoais, e começou a se dedicar à pintura e às colagens. Por essas e outras seu nome soa tão distante do Brasil. (Créditos: Comunidade Moda)

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